Textos de Segunda: Militante.

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Meu nome é Emanuelle, só que nessa quarentena tenho me sentindo um tanto quanto Lumena. A convivência extrema no ambiente familiar tem me trago uma postura um tanto quanto ditadora. Parte de mim grita "fica calada" e a outra tá lá dando sermão na família com dedo em riste por mais alguma merda que deduzo que estão fazendo.

Eu sempre odiei essa postura nos mais velhos, de querer dar lição, de ensinar, de apontar os erros.

Verdade seja dita aprendi muito ao longo dos anos com as lições e sermões que me deram em casa. E cresci com o entendimento que esses momentos de sincericídio também são provas de amor. Só que ter essa postura militante tem sido um dos piores momentos da minha “quarentena lifestyle”.

O sonho era paz, amor e conversas construtivas. Só que nem sempre rola. E agora não é mais um final de semana, é uma convivência diária, intensa, pegada. E sem dúvidas meus parentes também teriam uma lista de coisas pra reclamar da "adulta palestrinha" que por vezes incorporo.

E o texto de hoje é um convite a refletirmos sobre o quanto erramos em nossas relações querendo acertar. 

Sobre o quanto é difícil ser assertivo sem se tornar o chato ou o ausente.

A maioria dos nossos medos, posturas e formas de enxergar a vida derivam do núcleo familiar. E fazer essa imersão ao centro daquilo que muitas das vezes queremos esquecer ou ignorar, dói!

Para alguns esse momento tem sido muito prazeroso, para outros, doloroso. Pois essa consciência toda escancarada na nossa fuça, ressalta aquilo que somos ou aquilo que não queremos ser, sem te dar tempo pra reagir de forma diferente.

O princípio da minha redenção veio em identificar o que me incomoda na minha postura e na postura do outro e tentar consertar o que cabe a mim, e contornar aquilo que cabe ao outro. Não deixa de ser um porre, e nem tem fórmula mágica, porém é o que temos pra hoje.

A gente vem numa crescente entre a fase que você só assiste tudo acontecendo e não se envolve. Depois a fase do "poxa, preciso falar". Seguido do “cala-te boca” é melhor nem me envolver. Só que se você reparar bem a conta não fecha e o sossego não chega, pois diálogos são feitos de dois.

E se um não quer, dois vão brigar sim. Pois se ambos não quiserem se comunicar de forma clara, e insistirem em ficar despejando suas frustrações pro universo, uma hora o forninho cai.

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E você deve estar se perguntado: Ok Manu, lindo! Como que lido com isso?

Ótima pergunta meu caro! Em minha débil experiência, tenho tentando me monitorar mais no rolê e ignorar algumas coisas. E cada vez que reajo de forma que não gostaria, troco a fossa por revisar a situação mentalmente e pontuar o que não desejo repetir, como forma de estimular a minha cabecinha a criar um novo hábito. 

Não sou perfeita e nem os meus parentes são. Ninguém é na verdade. E o ato de se comunicar de forma não violenta é um desafio diário.  Quantas vezes você já errou apenas querendo tornar comum o seu ponto de vista?  Ou quanto de você já faleceu por dentro tentando nem entrar na discussão?

E isso não quer dizer que eu não ame e seja grata pela família que tenho.  É uma questão de convivência, é do ato de conviver com seres humanos. É o lidar com pessoas diferentes e seus anseios. O mesmo acontece entre amigos, colegas de trabalho...

Como diria o time Conquer, o pulo do gato da empatia na inteligência emocional é praticar a escuta ativa ao invés de passar nossas próprias emoções e sentimentos no coador junto com o café do outro.

Na vida você controla o que pode. Neste caso vigie sua língua e suas ações. Boa semana!

PS: há famílias e famílias, relacionamentos e relacionamentos. Se em seu caso a convivência extrema está te surtando busque por ajuda, seja de psicólogos, terapeutas, um amigo de confiança. Não se sufoque!

Te vejo semana que vem!

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Texto: Emanuelle Oliveira

Edição: Nanda Catarcione

Comentários

  1. O mais puro texto sobre convivência em excesso com família e na Pandemia, sem esconder ou romantizar, ou dizer que vai ficar tudo bem, porque as vezes a escolha que temos é se pulamos fora do barco ou se navegamos com o barco que temos, o que não é bom nem ruim, é o que temos. Por mais textos assim: uma realidade que nos acolhe, ao mostrar que estamos também no mesmo mar navegando, e fofinho pela coragem de compartilhar :P

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    1. 😭😭😍 Taverna obrigada pelo comentário. Compartilhar sobre a realidade do dia a dia é desafiadora, pois ninguém quer se sentir exposto, só que nessa vivemos cada um preso no seu casulo e sofrendo das mesmas dores, nos sentindo sozinhos sendo que não é bem esse o cenário.

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