American Son: filme adaptado da Netflix indicado ao Emmy 2020.
A aclamada peça da Broadway, de Christopher Demos-Brown, se tornou um longa lançado pela Netflix em novembro do ano passado. Dirigido por Kenny Leon, a obra conta o desespero de uma mãe negra à procura de seu filho, esperando por alguma notícia sua durante uma noite inteira em uma delegacia. A gente colocou a sinopse e o trailer nessa postagem aqui.
A série trata de um assunto polêmico e necessário que é o racismo estrutural, com o recorte na sociedade norte-americana. A personagem de Kerry Washington, Kendra, sofre não somente a preocupação por não saber onde está seu filho, mas também com o machismo, racismo e preconceito de classe social advindos dos demais personagens. Tudo isso incutidos em suas falas, ou falta delas, e atitudes, descrédito e falta de empatia, que muitas vezes passam despercebidos aos olhos de quem não faz parte de tais minorias.
"American Son" conta com os mesmos atores da peça: Steven Pasquale, Jeremy Jordan, Eugene Lee e Kerry Washington, que também é produtora da obra e a única que não sai da cena, conduzindo o vigor da obra. Com isso, o formato do filme é quase que totalmente parecido com o do teatro, o que foi bastante criticado como um ponto negativo; porém isso não me incomodou, pois na minha visão ficou bem artístico e poético, como uma forma de trazer o teatro para as telas propositalmente. Tal formato consiste em apenas um cenário, a delegacia, e os quatro atores. Com um roteiro sem rodeios e que já começa no problema da trama, explicando o contexto ao longo do desenrolar dos atos.
Acredito que a produção do filme focou mais em entregar a mensagem, necessária e extremamente importante, do que nos detalhes cinematográficos em si. Tem um texto ótimo, é intrigante, irritante, maçante, pesado e é preciso ter estômago para assistir, o que não significa que é ruim, muito pelo contrário! Chega a ser cansativo ver a personagem implorar por notícias de seu filho negro, desaparecido, que não atende o celular e que saiu de casa após uma discussão com ela, em vão. Chega a ser revoltante o oficial da polícia dar todas as informações ao pai do garoto, Scott Connor (Steven Pasquale), assim que ele chega e sem nem perguntar nada e nem mesmo se identificar, apenas por ser um homem, branco e de olhos azuis.A meu ver, dessa forma Kenny Leon conseguiu transmitir ao espectador o grito do Black Lives Matter, além da hashtag, juntando todas as atitudes ditas inofensivas e de acordo com o protocolo que precisam ser reavaliadas há um bom tempo. Além disso, ele também abre espaço para os argumentos policiais, que não se resume a profissionais individuas mas a uma instituição, que é onde o espectador fica meio dividido e sem ter a quem "defender" naquele momento. É uma parte intrigante e o ponto principal que leva qualquer um a reflexão.
American Son está indicado ao Emmy 2020 na categoria de "Melhor filme para TV" e acho que levando ou não a estatueta para casa, já elevou a obra a um alto patamar de reconhecimento, voltando holofotes pra si.
Já assistiu esse filme? Tá disponível, obviamente, na Netflix e o trailer eu vou deixar aqui embaixo novamente.
Até a próxima!
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Texto e edição: Nanda Catarcione.
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